Moradores da Zona Industrial Sul de Campo Bom estão preocupados com a mortandade de peixes e aves registrada no arroio que atravessa o bairro e desagua no Rio do Sinos. De acordo com eles, animais foram encontrados boiando ou agonizando na última quarta-feira, 2. A suspeita é de que o arroio possa ter sido contaminado por algum tipo de produto químico. A Secretaria de Meio Ambiente (Sema) informou que já solicitou uma análise para descobrir as causas das mortes e o resultado deve sair em até quinze dias.
Quem vem acompanhando o problema na Av. das Indústrias conta que a situação é crítica. Segundo o morador Alan Cabral, 29, os peixes estão tão fracos que buscam oxigênio em áreas onde a substância ainda não chegou. “Dá pra ver a movimentação da água, eles estão subindo tentando sobreviver”, contou o trabalhador.
Os moradores disseram que aves mortas começaram a aparecer no início da manhã quarta-feira. “Foi tudo muito rápido. Parece que os patos foram queimados, tirei dois do arroio, mas, infelizmente não consegui salvar nenhum”, conta Donir Teixeira, criador de cavalos.
A coloração escura da água e o forte odor chamou a atenção dos habitantes e dos órgãos de proteção. Técnicos da Sema acompanhados pela equipe de emergência da Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul) estiveram no local para coletar amostras de água e algumas aves que foram enviados para dois laboratórios para que fizessem análises e a necropsia nos animais para apontar as causas da mortandade.
O secretário de Meio Ambiente do município, João Flávio da Rosa, disse que vai ser realizado um acompanhamento durante todo o processo que busca identificar os responsáveis pela ação e a natureza do produto químico utilizado, para adotar medidas jurídicas de combate e prevenção de novas ações como a ocorrida. “Nós já identificamos a empresa responsável e todas as medidas necessárias para estancar o vazamento já foram tomadas”, explicou o secretário.
Queimaduras
Além dos danos ambientais, dois funcionários da empresa responsável pela obra de pavimentação da Av. das Indústrias, se feriram ao entrarem em contato com água do arroio. Segundo relatos de moradores os homens sofreram queimaduras nas mãos ao iniciarem o trabalho no local. “Os ferimentos foram superficiais, mas claro que assustou todos que trabalham na obra, ninguém espera se queimar tocando em água. Mas os funcionários passam bem”, informou o titular da Sema, que frisou ainda que devido ao acidente as obras da via ficarão paralisadas por tempo indeterminado. “Além das sanções pelos danos ambientais a multinacional será notificada pelo transtorno causado no local, atrasando o cronograma da pavimentação da Avenida”, esclareceu.
Vazamento
Ainda de acordo com o parecer prévio dos técnicos, o vazamento ocorreu na estação de tratamento da Verallia empresa multinacional de embalagens de vidros. “Foi uma sequência de falhas, por algum motivo, ainda não identificado, a bomba que deveria dar vazão aos dejetos sofreu uma pane e a estação transbordou, causando o vazamento até o arroio”, detalhou João Flávio.
Empresa se manifesta
Em nota, a Verallia assume que o problema ocorreu em uma galeria de águas pluviais desativada na estação de tratamento de resíduos da empresa, e que todos os procedimentos necessários já foram tomados. “Ressaltamos ainda que foram adotados imediatamente todas as medidas de contenção e tratamento deste incidente e que seguimos trabalhando com todos os seus recursos, inclusive contratação de empresas especializadas, para a solução definitiva da questão o mais rápido possível”, diz a nota enviada ao AG. Adicionalmente, a Verallia afirma que está em constante contato com os órgãos ambientais e seguindo todas as recomendações cabíveis. A empresa reitera que a fábrica em Campo Bom é certificada pela ISO 14001:2015, e opera dentro de total conformidade com as leis ambientais e possui todas as licenças necessárias para sua operação.