Amor que supera barreiras: conheça a história de Amanda e Franciele

Giordanna Vallejos/AG

Casal celebra a aprovação no processo de adoção

Por Giordanna Vallejos

O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA + é comemorado na quarta-feira, 28 de junho, mas durante todo o mês são realizadas ações de conscientização. Em homenagem à data, o Jornal A Gazeta entrevistou um casal de mulheres, para contar a história de vida delas e uma recente conquista que foi muito celebrada: a provação para adoção de uma menina. Elas e tantas outras pessoas são o exemplo de que família é feita de amor, independente da forma que seja.

O início de tudo

Amanda Vaz Ruppenthal e Franciele Maria Grawer se conheceram em 2013, quando trabalhavam em uma empresa de tecnologia. No momento em que as duas ficaram no mesmo turno, se aproximaram e, desde aquele dia, nunca mais largaram a mão uma da outra. “A gente acabou fazendo escuta uma da outra na empresa. Nós ficamos lado a lado e daí a gente não se soltou mais”, conta Amanda.

Encarando o preconceito

Foi em julho de 2013 que as duas começaram a namorar. “A Amanda foi a minha primeira namorada, então para a minha família foi bem complicado a aceitação no início, porque eles são bem religiosos e meu pai é bem conservador. Lembro que minha mãe colocava o terço na minha cabeça para me abençoar e ameaçou que ia se separar do meu pai se eu não terminasse com a Amanda”, conta Franciele.

Fran elucida que muito do preconceito vivido dentro da família veio da falta de conhecimento, somada a influências erradas da mídia, não por maldade. “Isso foi pela influência do que a mídia mostra, que a mulher que sai com outra mulher se prostitui, vai para as drogas. Dessa forma, criou na minha família um bloqueio, eles achavam que eu seria assim. A Amanda foi entrando aos poucos na casa dos meus pais, hoje ela é o chamego da minha mãe, quase uma filha para ela e tudo isso foi superado”, explica.

Na época, a solução que as duas encontraram foi morar juntas, mesmo se conhecendo há apenas cinco meses e, depois disso, foram construindo a vida e mostrando, pelo exemplo, que a união era positiva. “Nós demos tempo ao tempo, não era aquela coisa deles serem obrigados a aceitar, eles tinham que entender e ver que não era isso que às vezes as pessoas pensam que é. Hoje em dia eu sou como uma filha para a minha sogra”, relata Amanda.

Amanda conta que a sua família sempre a apoiou, e que raramente sofreu nenhum preconceito. Porém, relembra quando uma pessoa fez uma postagem, dizendo que família de verdade tem mãe, pai e filhos, excluindo todos os outros tipos de núcleos familiares. “Aquilo me machucou, porque também deixou a minha mãe magoada.

Respondi falando que a minha família é uma família assim. Então a pessoa retrucou, usando a ideia de liberdade de expressão. Eu sei que a liberdade de expressão tem um limite, quando ela passa a ferir a honra de alguém, não é mais liberdade de expressão, é opressão”.

Amor pelos animais

O amor pelos animais e a vontade de ajudar o próximo é algo que une as duas. Ambas são vegetarianas há dois anos, são voluntárias da causa animal e donas de um banho e tosa, que administram há seis anos, sem o uso de gaiolas, deixando os cães livres para brincar. Amanda conta que: “A ideia é transformar esse momento do banho e da tosa em uma coisa mais divertida e a gente ama, fazemos o que gostamos de fazer”.

A espera de um amor incondicional

Mesmo tendo cães adotados, que elas tratam com muito zelo, Amanda e Fran sentiram que era o momento de aumentar a família. Fran conta que ambas sempre gostaram muito de crianças. “A Amanda queria muito fazer a fertilização in vitro, mas custa cerca de 30 mil para fazer e não é garantido. Como somos muito dessas coisas de adoção, pensamos, por que não adotar? Batemos naquela mesma tecla do “não compre um cachorro, adote”. Porque vamos pagar para ter uma criança se a gente pode adotar?”.

Por isso, em 2019, elas foram ao fórum e começaram a organizar os documentos, um processo que demorou mais, devido à pandemia. Em julho de 2022, conseguiram entregar toda a documentação e no dia 15 de novembro receberam a visita da assistente social. “Dia 22 de março chegou o parecer do fórum, que dizia que estávamos habilitadas para adoção. Na hora eu chorei, é como se estivessem me dizendo: tu vai ser mãe, em algum momento o telefone vai tocar”, explica Fran.

Então, desde aquele momento, elas esperam uma ligação que vai mudar a vida delas, para melhor. “Eu nunca atendi tanto telemarketing”, fala Amanda, entre risadas. As duas se preparam para esse momento e fizeram inclusive um ensaio fotográfico com a família, que ficou feliz com a notícia, inclusive dando presentes para a menina que virá um dia, e já é muito amada por todos. “Acho que quando o telefone tocar, não vamos precisar comprar muita coisa, do jeito que está nossa família, confesso que me espanta um pouco, porque ainda não sou mãe e do nada minha mãe me liga e diz que comprou um presente para a netinha”, conta Fran.

Amanda deixa uma mensagem para outros casais que queiram adotar. “Eu diria para alguém que quer adotar, não dar bola para o que as outras pessoas pensam. Porque a gente sabe o que a gente é, e muitas vezes somos julgados apenas por amar uma pessoa. Eu sei que a minha sexualidade não tem nada a ver com o meu caráter e toda a educação que tive, vai passar para a minha filha. Não podem ser essas poucas pessoas que vão nos fazer desistir desse sonho de constituir uma família”, conclui.

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