Amigas se reúnem semanalmente para fazer bonecas para doação

Todas as terças-feiras, um grupo de aposentadas de Campo Bom, Estância Velha e Araricá se reúne na casa da dona Isolde Ody, de 70 anos para fazer o bem – em todos os sentidos. Enquanto uma faz os vestidos, outra coloca o enchimento na boneca de pano, sem jamais perder o fio da meada na conversa. Nessa costura de relações, já foram mais de 423 bonecas fabricadas desde 2018, todas elas encaminhadas a meninas da região.

A fabricação de bonecas começou quando Isolde encontrou os antigos moldes que a filha Carla Dias, 51, utilizou durante um curso de costura 15 anos antes. Sozinha em seu atelier, ela que não tinha noções sobre o ofício, começou a se ariscar entre os tecidos e linhas. No primeiro ano a aposentada fez 177 bonecas, que foram doadas no último Natal para crianças de Araricá e Campo Bom. “Não tinha nem ideia do que estava fazendo, mas, fui me apaixonando. O que era um hobby se tornou uma missão”, relembra Isolde. Em 2019 as amigas mais próximas, que frequentavam as casas de mãe e filha (Carla) para conversar e tomar chimarrão descobriram o passatempo e resolveram se juntar ao Bonecas do Bem, que hoje conta com seis voluntárias.
Desde o mês de maio os encontros acontecem toda semana, sem falhar. “Não temos nenhum compromisso de produção, ninguém é obrigada a comparecer, mas gostamos de estar juntas, tanto que a gente não para de conversar a tarde toda. Acaba sendo uma grande terapia”, comenta Carla.

O amor costurado de mão em mão

A moradora de Estância Velha, Vera Maria Schmidt, 60 anos, explica a divisão de tarefas: quem chegou no grupo sem saber costurar começa ajudando a colocar o enchimento nas bonecas. O próximo estágio é fazer os cabelinhos com lãs coloridas. “Quem não se dava muito bem com trabalhos manuais ficava organizando o material, que também era uma baita ajuda, agora todas já colocam a mão na massa”, comentou Vera.

Unir as habilidades de cada uma é o segredo da união do grupo, segundo Isolde, que virou especialista em desenhar as carinhas das bonecas. Entre as bonequeiras com idades de 51 a 89 anos, tem as que fazem as pernas e braços, as que costuram as roupinhas, e assim por diante e cada boneca leva um pedacinho das voluntárias. Mas há um pré-requisito: só entra no grupo quem tiver muito amor para dar. “Aqui só tem amor e mais nada”, sintetiza Maria Elenita Dias,71.

Os pedidos de bonecas para doação chegam por indicações e pelas relações pessoais de cada uma, assim como os materiais para costura, como tecidos e lãs. Cada uma leva o que tem em casa, e de vez em quando elas recebem alguma oferta de amigos. Quando faltam insumos mais específicos, como fibra siliconada para enchimento e rendas elas compram com dinheiro do próprio bolso. “Cada boneca é feita pelas doze mãos e leva o que temos de melhor. Por isso temos tanto cuidado e carinho em fazer cada detalhe”, explica Carla que revela ainda que neste Natal serão entregues 246 bonecas. “Vamos levar na casa de cada criança o presente”.

Sair da versão mobile