Alcoólicos Anônimos: um farol de esperança nas águas turbulentas do alcoolismo

Em um grupo unido na superação do alcoolismo, nasce uma história de coragem e transformação

Por Giordanna Vallejos

Em maio de 1981, um grupo de pessoas decidiu pela iniciativa que preza a mudança positiva, um dia de cada vez. Essa é a história inspiradora do Grupo de Alcoólicos Anônimos (AA) de Campo Bom, uma jornada compartilhada de superação que mudou vidas. Nesta reportagem, exploraremos as experiências marcantes de seus membros, revelando a força da união na busca pela sobriedade.

A fundação do grupo

Há mais de quatro décadas, o grupo teve sua origem por uma necessidade urgente. “O pessoal tinha que se deslocar para São Leopoldo, Porto Alegre, então foi formado no dia 19 de maio de 1981 o grupo de Campo Bom. Porque já existiam alguns companheiros daqui que iam em outras cidades”, explica ele.

Em um local discreto e com total anonimato, a cada semana, os membros do grupo se reúnem para compartilhar suas batalhas pessoais com o alcoolismo. “As reuniões funcionam semanalmente. O pessoal chega na reunião muitas vezes pesado daquela semana, do dia a dia e desabafa. Todos escutam, ninguém julga ninguém”, explica um membro.

A literatura do AA é uma ferramenta fundamental no processo de recuperação. Algumas reuniões têm enfoque nos estudos dessa literatura, criada por outros alcoólicos, facilitando no processo de identificação. Além disso, também existem os grupos para familiares e crianças dos alcoólicos. Em Campo Bom, existe uma média de 15 pessoas frequentando as reuniões.

Álcool: uma droga presente

Dois participantes relatam um problema social em relação a bebida, que tem seu consumo estimulado culturalmente. “Muitas vezes o álcool é como se fosse um rito de passagem para o homem, é meio cultural. E alguns partem para o lado da dependência. O álcool está por toda a parte, a sociedade te incentiva a consumir álcool, mas quando dá problema, te deixam de lado”.

Para o outro membro, um agravante são pais que oferecem bebida aos filhos. “Muitas vezes quem fornece a bebida para a criança e para o adolescente são os pais. Meu pai me abriu as portas com a espuminha da cerveja, com a caipirinha. Se parar para refletir, a sociedade oferece uma droga para crianças”, disse ele.

Vidas transformadas no AA

“Participo desde 1999, comecei porque minha vida estava fora de controle, eu vivia para beber. Hoje posso ir mal para a reunião e sei que sairei bem, pois sei que pertenço, que tenho amizades. Se vou num lugar e as pessoas estão bebendo, hoje tenho condições de pensar que não quero, não devo e não posso”.

“Vim porque eu não tinha mais domínio sobre isso e eu vim para o AA para parar de beber, mas ganhei uma vida nova através disso. Realmente acontece um milagre, um dia de cada vez. Para quem tem a doença do alcoolismo a nossa programação funciona perfeitamente”.

Escolha diária

O membro do AA, compartilha dicas para auxiliar nesse processo, além de participar do grupo. “Quem está no começo do processo da sobriedade é bom trocar os lugares, cuidar com as amizades, os hábitos. No AA temos padrinhos, que podemos ligar caso sentirmos vontade de beber, e eles nos ajudam. Também, se tu comeres um doce, o álcool não apetece mais. Se tem uma festa, fica com teu copo de água na mão, para ninguém vir oferecer algo”, explica ele.

Em um mundo onde o alcoolismo muitas vezes permanece oculto, o grupo de Alcoólicos Anônimos de Campo Bom e de tantas outras cidades, ilumina o caminho da recuperação. Unidos pela força da irmandade e do compartilhamento de experiências, eles provam que a sobriedade é uma jornada possível. Por meio do apoio mútuo, eles encontram esperança, transformação e, acima de tudo, a coragem de dizer: “Um dia de cada vez”.

Onde encontrar

Em Campo Bom, grupo de AA se encontra na Av. Voluntários da Pátria, 121, entrada pela lateral, às 19h30, nas sextas-feiras. No mesmo local, porém em uma sala diferente, também as sextas-feiras às 19h30, ocorrem as reuniões de Al-ANON para apoio de familiares e amigos de alcoólicos. Existe o contato de plantão, que funciona 24h pelo WhatsApp (51) 99612.8040.

Sair da versão mobile