A rede de solidariedade que “contamina” Campo Bom

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Uma verdadeira rede de solidariedade tem aumentado dia após dia entre os campo-bonenses e contaminado – no bom sentido – as pessoas na busca pelo bem comum no combate ao Coronavírus. Em uma região historicamente conhecida pelo voluntariado, essa corrente de união surge como alento em meio ao caos.
Em todos os cantos, o que mais tem se visto ultimamente são pessoas querendo ajudar umas às outras. Seja com aportes financeiros, como em uma lista de doações ao Hospital Dr. Lauro Reus, mudanças em linhas de produção de empresas, como na Arrezo & Co que reuniu mutirões para a fabricação de máscaras ou nas doações de milhares de embalagens feita pela Box Print, para a distribuição gratuita de álcool gel para os caminhoneiros.

Marmitas que aquecem o coração

Junto com a pandemia, veio também a diminuição de renda para alguns que já tinham pouco. Pensando neles, o casal Michel Jacobus, 33 e Mônica Weschenfelder Jacobus, 32, preparam e distribuem diariamente marmitas para moradores de rua em Campo Bom e Novo Hamburgo. “Era uma segunda-feira à noite fui à farmácia pra buscar um medicamento pra minha esposa e, no decorrer do caminho me deparei com alguns moradores de rua buscando no lixo o que comer, aquilo me deixou bastante incomodado, e vim pra casa pensando e refletindo de que forma poderia ajudar estas pessoas que passam dificuldades todos os dias, pois aprendi desde pequeno vendo meu pai como exemplo de ajudar ao próximo. Cheguei em casa e comentei com minha esposa, que eles estavam passando fome, visto que o alimento deles diário vem de doações de restaurantes e como tudo estava fechado não teriam o que comer, pensando em o que poderíamos fazer pra ajudar decidimos iniciar as quentinhas todas as noites pra terem uma refeição saudável”, relembra o corretor de imóveis.

No dia seguinte o casal já havia mobilizado uma rede de solidariedade, formada por cerca de 20 pessoas entre amigos e familiares, dispostos a fazer a diferença na vida de alguém e a rede não para de crescer. “A corrente do bem cresce todo dia, pois um divulga ao outro e muitos querem participar de alguma forma”, afirma.

Em pouco mais de dez dias, o projeto já distribui cerca de 300 marmitas, que sempre vem acompanhada de um recadinho, que além de saciar a fome, alimentam a alma. “Temos certeza que após tudo isto passar estaremos muito mais conscientes, fortalecidos, unidos, mais humanos e empáticos, conectados com o que realmente importa. Com certeza, este isolamento traz muitas reflexões o mundo está se transformando e a humanidade precisa acompanhar este movimento, a forma como estávamos levando a vida já não era mais normal, muita coisa estava fora de controle e esta é a hora da reflexão, de ajustes, de resinificar muitas coisas que estavam esquecidas, se ajudar, pedir ajuda, ser solidário, serão mudanças profundas e necessárias e depende de cada um levar este processo observando o que se passa e se possível dividindo com o outro pois neste momento o coletivo, a união, as trocas que tornaram tudo mais leve e tranquilo”, completa Michel.

Mãos que trabalham para a segurança

O fato é que cada um ajuda como pode e da forma como pode. São gestos simples, mas não menos nobres, como a confecção de máscaras para serem doadas à profissionais da área da saúde após saírem das mãos de 22 voluntárias. E, quem sabe, será o ponto de partida para a solidariedade não ser vista apenas em momentos de necessidade extrema.

Diante da grande demanda e da necessidade de uma produção em larga escala de equipamentos de proteção individual (EPIs), a funcionária pública, Monabel Moraes, 45, e a representante comercial, Paula Gil, 36, se mobilizou para produzir esse material, que será doado a equipes médicas e pacientes. O projeto coordenado por elas conta com o apoio de mais de 20 pessoas, entre profissionais e cidadãos que estão dispostos a ajudar.

Sem saber por onde começar as amigas foram em busca de conhecimento e aprenderam a confeccionar o material de maneira correta através de vídeos no YouTube. “Estávamos pensando em como ajudar ao próximo nesse momento de fragilidade em todo o mundo. Vimos o pedido de ajuda de uma psicóloga em uma rede social pedindo doações de máscaras e fomos estudar como elas eram feitas, nos preocupamos em fazer corretamente, para que realmente tivesse a utilidade precisa, para que protegessem as pessoas contra o Covid-19 e as que já haviam contraído o vírus”, detalha Monabel.

Todo material e mão de obra é voluntária para a produção das 2.500 unidades, onde amigos, familiares e vizinhos se unem em prol de um bem maior. Pessoas se dividem entre o corte das máscaras e a costura, outras contribuem através de doações de TNT, elástico, linhas e até mesmo gasolina para nossa locomoção, pois cada um trabalha em sua casa, evitando aglomerações. “Escolas municipais também entraram na corrente e colaboraram muito conosco. As EMEFs Genuíno Sampaio e Rui Barbosa doaram seus estoques de TNT para a confecção das máscaras”, comenta a voluntária.

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