A força dos trabalhadores campo-bonenses

Giordanna Vallejos/AG

Conheça a história de três profissionais da cidade

Por Giordanna Vallejos

O Dia do Trabalhador é celebrado em 1º de maio. A origem da celebração remonta ao final do século XIX, quando trabalhadores de diversos países se mobilizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Uma das principais conquistas trabalhistas da Revolta de Haymarket foi a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. Na época, os trabalhadores eram obrigados a trabalhar em média de 12 a 16 horas por dia.

Outra importante conquista foi a criação do Dia Internacional do Trabalhador, escolhido em homenagem aos trabalhadores e líderes sindicais que foram mortos durante a revolta e desde então tornou-se um símbolo da luta dos trabalhadores em todo o mundo.

Oscar Raupp Filho conta sua trajetória na indústria calçadista

Oscar Raupp Filho, abre o portão de sua casa com um sorriso, e explica, mesmo com seus 93 anos, sobre o passado com uma precisão de detalhes impressionante. Não é por acaso que ele representou Campo Bom, sendo o Operário-padrão da empresa Calçados Fillis S/A, e conquistou o segundo lugar no Estado, em 1985. “Meu currículo era um maço de cursos e prêmios. Ganhei um troféu, na semana seguinte nós fomos para receber 500 reais de premiação. Recebi o primeiro lugar em Campo Bom naquele ano e o segundo no Estado”, relembra.

Ele dedicou toda a sua vida, dos 14 aos 70, à indústria calçadista. Dia 26 de agosto de 1943 foi o seu primeiro emprego de carteira assinada, no qual ele fazia sapatos masculinos e femininos. “Em 1961 comecei a trabalhar no Fillis , onde trabalhei por 39 anos”, explica.

O operário saiu da empresa Fillis no ano de 2000. “Naquele ano, ensinei o que fazia e umas 10 pessoas ficaram no meu cargo. Meu chefe não queria que eu parasse, mas com 70 anos decidi parar de trabalhar, eu já estava aposentado”. Apesar disso, a vida de Oscar não se resumiu apenas à indústria.

Ao buscar uma caixa guardada com zelo em cima do armário, ele mostra diversos prêmios, honrarias e medalhas que conquistou em sua trajetória como atleta, líder e estudioso. Oscar foi um dos fundadores e presidentes da Associação de Funcionários dos Calçados Fillis.

Com um currículo extenso demais para caber em apenas uma reportagem, Oscar agora descansa em sua casa no Centro, aproveitando sua merecida aposentadoria, mas sem ficar parado. Com o espírito de atleta, ele conta que gosta de ficar dando voltas ao redor de sua residência para se exercitar. “Ontem eu dei umas 50 voltas”, disse ele, com toda a força e a alegria dos seus 93 anos bem vividos.

Recém-aposentada, merendeira relembra sua vida profissional

Eronita de Jesus Rosso da Silveira, de 59 anos, mais conhecida como Tia Nita, é uma figura popular no ambiente escolar. Ela trabalhou como merendeira em boa parte de sua vida e é conhecida por seu grande coração, oferecendo uma repetição a mais ou até lanches fora de hora para os alunos da Escola Estadual 31 de Janeiro. “Comecei trabalhando como merendeira na escola de Quatro Colônias. Sempre tive paixão por cozinhar. Depois a escola acabou fechando e desde então trabalho no 31, onde me aposentei semana passada”, disse ela.

Tia Nita ficou sabendo da notícia da aposentadoria pela direção da escola, em um anúncio no microfone durante o horário de intervalo. “Saiu no diário oficial, fomos na hora do recreio e comunicamos para ela a aposentadoria dela na frente de todo mundo, no microfone. Quero agradecer em especial a todo esse carinho com os alunos, esse cozinhar com amor, com bom humor, com alegria de viver. Ela sempre ajudou todos, nunca fez só a parte dela, sempre foi além”, explica a diretora da escola, Fabiana de Andrade Oliveira.

Com o coração grande, Tia Nita tinha fama de mimar os alunos da escola. “Eu dava merenda fora de hora, servia mais de uma vez, às vezes era conselheira amorosa dos alunos, são essas coisas que trazem alegria para gente, sou meio mãezona deles. Gosto quando os alunos de vinte anos atrás ainda me reconhecem na rua”.
Com relação ao ofício, ela conta que ama a profissão e que só mudaria a remuneração, que se aproxima de um salário mínimo, o que dificulta a qualidade de vida. Ela também deixa uma mensagem para todos da sua trajetória e outras merendeiras que seguem no trabalho. “Só tenho a agradecer o carinho de todos, e que as merendeiras não desanimem, para tocar em frente essa profissão, porque é muito bom. Agradeço por todos esses anos, a direção do Quatro Colônias e do 31”.

O papel essencial dos recicladores

Diariamente, os 40 cooperados da Cooperativa Coolabore separam 50 toneladas de resíduos, realizando a triagem do lixo coletado pela Prefeitura, tirando papéis, metais, plásticos, com várias separações cada. Existem cooperados com mais de 20 anos trabalhando com a reciclagem e cada um precisa fazer sua parte, pois em uma cooperativa, é como se todos fossem sócios do negócio.

No dia 5 de novembro de 1994, Geraldo Simmi participou da fundação da Cooperativa Coolabore, responsável pela separação de resíduos em Campo Bom e Novo Hamburgo. Ele relata que 90% do lixo do município vem misturado e apenas 10% têm separação entre orgânico e seco.

Esse local é uma oportunidade para geração de emprego e renda na cidade de Campo Bom. “Geramos economia para o município e por trás dessas 40 pessoas que trabalham aqui, há muitas famílias. Muitos cooperados não têm escolaridade, pois não exigimos qualificação, apenas vontade de trabalhar. Além disso, como somos uma cooperativa, a renda é distribuída igualmente entre todos, que gira em torno de dois salários mínimos para cada, mas varia conforme a produção e oscilação de mercado”, conclui.

Dessa forma, os trabalhadores da usina colaboram para a reciclagem do lixo e lidam com um serviço de utilidade pública, que mantém a cidade limpa e organizada, além de auxiliar com as questões ambientais, quando o aproveitamento dos resíduos é possível.

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