A arte da taxidermia

Você sabe o que é taxidermia? Taxidermia é a arte de “dar vida” à pele de animais. Através de diferentes técnicas, a arte recria e mostra de forma bem natural um animal já morto, sendo uma ótima ferramenta para educar e conscientizar sobre a importância da conservação da biodiversidade e os impactos das ações humanas contra a fauna.

Apesar da semelhança com o empalhamento – que era feito em barro e palha – a taxidermia conta com recursos para a criação de um corpo artificial, com riqueza de detalhes. O nome vem das expressões gregas taxis, que significa dar forma, e dermia, que se refere à pele. Os profissionais usam apenas a pele, ou as escamas, dos animais e precisam de muita exatidão para recriar sua forma fielmente. O procedimento também pode ser feito completamente com materiais sintéticos.

Taxidermia voltada aos estudos

Para fins pedagógicos, a taxidermia tem um papel importante, principalmente para a medicina veterinária, a biologia e, também, para a educação ambiental, pois permite o estudo das espécies, a reprodução das suas características e também a conservação de animais que entraram em extinção.

Em 2019, José Luiz Ávila Terra, ou Zé, como prefere ser chamado, chegava ao curso de Medicina Veterinária da Universidade Feevale. Hoje, no oitavo semestre, e já técnico do laboratório de anatomia veterinária do Campus III, aqui em Campo Bom, ele mostra sua paixão pela taxidermia.

“Eu sou muito curioso e fui pesquisar sobre o assunto. Acabei fazendo um curso online, para aprender a conservar as peças e simplesmente comecei a fazer e me aperfeiçoar”, comenta o estudante, mostrando seu primeiro animal taxidermizado: um galo em perfeito estado de conservação e, se já não soubesse que estava “empalhado”, facilmente confundido com um real. Três anos após o início de seus estudos, hoje, Zé possui mais de trinta animais em seu catálogo, todos expostos no próprio laboratório do campus.

Diversidade das espécies

Diversas espécies estão dispostas, desde um bugio atropelado, que precisou ter sua face reconstruída; ou um cordeiro natimorto – que nasceu morto –, de pelo branco e macio; até um papagaio de estimação com problemas ósseos, que precisou ser sacrificado, da família de uma aluna da universidade, a qual chorou ao ver o resultado. “Ela me disse assim: ‘Zé, tu faz o papagaio da minha avó?’ e eu fiz. Quando ela veio ela desabou em choro, falou que ele parecia vivo e que parecia estar tão bem”, conta.

Todos os animais são muito bem cuidados e preservados. A ossada é limpa e utilizada para estudos, assim como os órgãos internos conservados em glicerina. Para taxidermizar os animais, Zé utiliza poucos materiais: arame, algodão, bórax – também conhecido como Borato de sódio – para preservar a pele, e os olhos são de biscuit.

“A expressão é tudo”, diz o taxidermista ao explicar que, para cada animal, ele estuda suas expressões, suas características e comportamentos, através de fotografias, tentando deixá-los o mais fiel possível do original.

Todos os animais que ele faz não são para comercialização, ou seja, são utilizados inteiramente para fins acadêmicos. Ele conta que os espécimes são expostos em feiras, em palestras, além, é claro, de serem de uso dos estudantes para estudos gerais.

O primeiro pensamento dele, há três anos, foi de que muitos animais são descartados e ele percebeu, com a taxidermia, que poderia reutilizar [os animais]. “Os gaviões e o morcego foram trazidos por uma professora para uma aula prática, onde nós abrimos eles e estudamos, mas, após isso, eles seriam descartados. Daí eu decidi que queria preservar eles para estudos futuros e para os alunos terem possibilidade de tocar, chegar perto, conhecer esses animais que muitas vezes nem são vistos pessoalmente”, finaliza.

A perfeição nos detalhes é importante e enriquece muito os estudos. Nesse sentido, a prática, ou a arte, é, literalmente, uma maneira de eternizar espécies como um legado para o conhecimento humano e para a compreensão da vida na Terra.

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